O ano de 2010 foi decepcionante pra mim no quesito cinema. Me mudei pra Cuiabá e uma das coisas que mais martelavam na minha cabeça durante toda a transição era que eu poderia ver uma quantidade homérica de bons filmes em primeira mão, na sua estréia, mas isso não aconteceu. Não pelo fato de "ir ao cinema", mas pela motivação de que poucos bons filmes, estariam lá a minha espera. Eram projetos caros, muito falados, esplendorosos visualmente, mas que não geraram aquela satisfação. Havia sim bons filmes, mas a maioria era... morno.

Foi chegando a metade do ano, e a situação mudou, até que no fim de 2010 e a mesa virou de tal forma que veio à compensar as frustrações com produções sensacionais, e agora no começo de 2011, somos brindados com ótimos filmes (e realmente, os melhores estão ali no Oscar), mas confesso que Cisne Negro, pra mim foi a maior surpresa de todos, até agora.


Eu não sabia muito bem do que se tratava, apenas sabia que Natalie Portman, uma das minhas Top 10 musas gringas, estaria nele, o que já era uma grande motivação pra assistir. O tempo foi passando e o fato de a moça ganhar o Globo de Ouro de melhor atriz, me fez ter o mínimo de curiosidade e enfim, assisti à esse filme fantástico.

Nele, Natalie Portman é Nina Sayers, uma bailarina de uma companhia novaiorquina. Sua vida, como a de todos nessa profissão, é inteiramente consumida pela dança e, incentivada pela árdua cobrança da mãe (uma bailarina frustrada) Nina ignora até mesmo suas próprias nuances, pela dança, até que Thomas Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), na apresentação de abertura da temporada e Nina é sua primeira escolha. Surge então uma concorrente: a nova bailarina, Lily (Mila Kunis), que deixa Thomas impressionado.
O Lago dos Cisnes, requer uma bailarina capaz de interpretar tanto o Cisne Branco com inocência e graça, quanto o Cisne Negro, que representa malícia e sensualidade. Nina se encaixa perfeitamente no papel do Cisne Branco, porém Lily é a própria personificação do Cisne Negro. As duas desenvolvem uma amizade conflituosa, repleta de rivalidade, e Nina começa a entrar em contato com seu lado mais sombrio, mexendo com seu psicológico.

A dualidade presente no balé “O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky é o ponto-chave do roteiro. Nele vemos, não só a interpretação durante a dança, mas o quão complexo é o psicológico de Nina e como toda a sustentação daquela moça inocente, doce, meiga e frágil rui por conta das exigências de Thomas (e dela mesma) para que ela encarne também o Cisne Negro, apelando para a exploração do seu lado obscuro e fazendo-nos refletir sobre os terrenos inexploráveis de nossos anseios e obsessões, afinal, qual a fagulha que acende a chama de nossa coragem pra mostrar realmente quem somos e o que queremos?

Toda essa sustentação dos medos e inseguranças de Nina e a mistura de ficção com realidade, imaginação com verdade, delírio e fantasia com fatos, fazem com que Cisne Negro, se torne o tipo de filme "cospe ou engole". Não tem um meio termo pra definir. Natalie Portman, em uma interpretação magistral, nos mostra o lado anárquico da protagonista em plena desintegração psicológica que, na tentativa de encontrar o lado mais selvagem, pra interpretar o cisne negro, cai em desequilíbro. É a típica moça antissocial, obsessiva, egoísta e capaz, que simboliza a hóstia dos pecados mortais daqueles que não tem o lampejo coragem necessário para serem o que realmente querem e que ficam focados apenas em projeções no horizonte que jamais saberão se são reais ou não. Nina foi lá conferir se sua projeção era real, e nos presenteou com essa obra. PUTAQUEPARIU, UM FILMAÇO!


Original, é isso que o filme é. Culpa do diretor Darren Aronofsky que é um cara que vai até as últimas consequências com seus personagens em sequências interessantes e que dão enfase na jornada pessoal de seus protagonistas, geralmente guiados por uma obsessão. Um filme do cara que eu particularmente achei arrebatador foi O Lutador, que, não por coincidência funciona meio como uma imagem espelhada para o Cisne Negro. Ambos brutalmente naturalistas e psicolóigicos. E não deixando de lado, outra interpretação que vale a fita é a da Mila Kunis. Meu Deus, como ela ficou tanto tempo na surdina. Por alguns instantes a Ucraniana rouba a cena, não só pela beleza, mas pela interpretação. Se não fosse pelas ótimas indicações para atriz coadjuvante, não seria de estranhar que ela estivesse lá, com um adendo FODA para a cena lésbica. YAY!

Natalie Portman está perfeita aqui, e eu recomendo Cisne Negro com todas as forças pra aqueles que querem se surpreender. E pra aqueles que quiserem fazer uma fézinha na moça pro dia 27 de Fevereiro, quando acontece a entrega do Oscar, onde ela está concorrendo como melhor atriz, eu cubro qualquer uma das apostas, E DOBRO! Alguém encara?

4 Comentários:

Muito muito muito muito .... boa sua critica do filme Hugo. Relatou perfeitamente o q o filme quis frizar, obcessão, fantasia X realidade, auto-flagelo, sexualidade reprimida.

Meus mais sinceros parabéns...!!

Agora eu quero assitir... pena aqui não ter cinema! Vou ter que esperar um pouquinho sniff!

Owww Alita! Valeu! =D
Fer, pelamor assiste esse filme, tuh vai pirar também (igual nós!) hahaha! =D

E pra quem ja eh um tanto doido, o filme vai fazer efeito? kkkkkkkkkkkkkk

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