Particularmente falando, não sou um fã dos filmes de faroeste, mas tenho uma certa simpatia que nem eu entendo por eles... aliás, entendo sim. Cresci vendo meu pai, os irmãos dele e o meu avô (que são fãs incondicionais do gênero) assistindo John Wayne, Claudia Cardinale, Sergio Leone, Clint Eastwood, Buck Jones, Bill Elliot, Tim McCoy, Robert Redford, entre outros, em histórias cheias de marra, quando os EUA era jovem e seu velho oeste ainda era selvagem e admito que os anti-heróis dali me fascinavam. Certa vez, li uma frase que dizia: "O oeste, qualquer país tem, mas um como os EUA, nenhum jamais terá" e para o cinema, realmente "Velho Oeste" foi uma poderosa invenção que trouxe obras inesquecíveis e que nos fizeram enxergar a epopéia de seus heróis como os homens que realmente foram. Infelizmente, o passar do tempo e o fenômeno de androgenização da juventude estão fazendo essas histórias cheias de idiosincrasias e que marcaram uma geração simplesmente se perderem.


Agora, em 2011, três anos depois do lançamento do totalmente excelente "Onde os fracos não têm vez" (No Contry for old man), os irmãos Coen trazem à tona, mais um filme do gênero que acaba sendo seu porto seguro, o remake de mesmo nome do clássico protagonizado por John Wayne em 1969, "Bravura Indômita". Nele, conhecemos a jovem garota determinada a fazer justiça Mattie Ross (Hailee Steinfeld) quando chega a Fort Smith, Arkansas, em busca do covarde Tom Chaney (Josh Brolin) que teria matado seu pai por duas barras de ouro antes de se embrenhar por território indígena.
Para conseguir perseguir Chaney e o ver enforcado, Mattie procura a ajuda de um homem conhecido como o mais cruel xerife da cidade - o impulsivo e beberrão Rooster Cogburn (Jeff Bridges), que, depois de muitas objeções, concorda em acompanhá-la. Mas o bandido já é alvo do policial texano LaBoeuf (Matt Damon), que quer pegar o assassino e o levar ao Texas por uma boa recompensa.Cada um com sua teimosia e impulsionados por seus próprios código morais, esse improvável trio toma um rumo imprevisível quando se vê envolvido com mal e brutalidade, coragem e desilusão, obstinação e amor genuíno.

Pena que não existem mais heróis como antigamente, não acham? Coragem, teimosia, motivação e espírito heróico é o que falta no cinema hoje em dia. Uma das conjecturas do filme que, pelo menos pra mim, ficou latente é a diferênca visível entre os mocinhos de hoje em dia e os Heróis de verdade, propriamente ditos. Em Bravura Indômita, esta experimentação reside mesmo na necessidade da sutileza, do classicismo pelo “velho”. Cogburn é um homem da lei, mas que age fora dos padrões estabelecidos por ela sendo um agente controverso e beberrão mas que deixa visível que coragem uma de suas virtudes e nos mostra que heróis podem sim ser pessoas que buscam o caminho dos excessos. Os mocinhos de hoje em dia, em todos seus conflitos pessoais e busca pela perfeição, se tornam tão monótonos e chatos quanto olhar a tabela nutricional de uma garrafa de água. #Fato

Como característica dos Irmãos Coen, eles conseguiram preencher o filme com excelentes diálogos. Mas isso por muitas vezes se arrasta, dando a impressão que a história não estava indo à lugar algum. Demora muito para tudo se encontrar e as cenas mais esperadas acontecem de forma simples, sem a emoção, a preparação e a trilha sonora que cresce junto com a emoção que acompanha o àpice do filme.

Um dos grandes desafios de fazer um longa baseado em uma obra já filmada, é que sempre irão aparecer as comparações, mas aqui não tenho como comparar o filme completo com o pouco material que há no youtube do classido de 1969, mas admito que Jeff Bridges está no seu auge (e em sua zona de conforto, interpretando um beberrão), pena que ele sozinho não salva o filme. O talento da Hailee Steinfeld não deu sorte aqui, sendo a menina de lingua afiada e personalidade forte. Impressiona, mas não cativa. O filme teve dez indicações ao oscar e não rejeita a essência dos clássicos do western, mas isso não foi o suficiente. É diferente dos outros indicados que são beeeem mais inovadores. "Bravura indômita" é somente correto. Vai concerteza levar o prêmio por melhor fotografia... o restante atende a expectativa, mas não trás nada de impressionante, exceto a atuação de Bridges.



A dimensão dramática e emocional mesmo vem apenas no final, só que não traz nada de novo ou surpreendente se olharmos todo o conjunto da obra. Cogburn carregando Mattie durante toda a noite, na tentativa de salvá-la fecha com chave de ouro a excelente interpretalção de Bridges e deixa saliente a perseverança e a fé inabalável estampada no rosto do nosso herói e o espírito que motivou o caminho dramático dos personagens. John Wayne recebeu o único oscar de sua carreira por Bravura Indômita e é de se espantar que ele tenha o feito apenas uma vez. Jeff Bridges correspondeu à altura o talendo de Wayne, e eu torço do fundo do coração para que ele ganhe... em vão, pois ao que tudo indica 2011 se tornará mais uma vez um ano em que um protagonista politicamente ganhará, e ponto.

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