Um pouco atrasado, mas enfim...
Desde que me considero por gente, carrego comigo a convicção que permeia minha vida até hoje de que sou um nerd assumido. Se não for completo, pelo menos um projeto disso eu devo ser e ergo essa bandeira com muito orgulho. Tenho uma admiração que não cabe em mim sobre tudo que envolva o universo dos quadrinhos, apesar de acompanhar muito pouco e pra ser bem sincero, acompanhei mesmo somente os mais conhecidos como Batman, Superman, X-men e afins.
Há um bom tempo atrás, fiquei sabendo sobre uma certa adaptação da graphic novel de Watchmen. Bitolado pela Manjada cultura que acabo de citar, não dei muita importância até que saiu um certo trailer deverasmente empolgante. Pesquisei sobre o que se tratava, saiu à data de estréia e a cada dia que se passava, mais e mais novidades iam surgindo e isso me deixava com mais vontade de ver o filme e com um sentimento de revolta por ter cometido o pecado de não conhecer o universo dos vigilantes. =D
Depois de ter sido sumariamente sodomizado trabalhando numa das filiais da empresa essa semana, enfim tive a oportunidade de assistir ao tão famigerado filme. Aposto que para muitos, isso possa não significar nada, mas pra mim foi um marco, juro. A estupefação inicial ao ver a seqüência de abertura do filme, que eu já havia visto no VocêTubo foi inevitável mas mesmo assim fui sendo esbofetiado a cada cena que se passava, não só nela, mas no decorrer da película onde tudo ocorria com uma maestria genial e que até agora não encontrei algo a que possa compará-lo, mas esperem! Estou indo rápido demais.
Como disse ali em cima, é complicado criticar uma adaptação que eu mal sabia que existia, portanto partiremos da premissa do que foi visto naquela sala de cinema. Alan Moore é um gênio. Se você acha que não conhece o cara, eu o contradigo e provo com apenas 3 obras: Constantine, V de Vingança e a Liga Extraordinária. Tomo? Todos sabemos que adaptações para o cinema são arriscadas. Aliás, arriscadíssimas, mas de que adianta uma boa adaptação sem um enredo interessante? E isso é o que não falta nas obras do dito cujo.
Quando se fala num filme de “herói” todo mundo está acostumado a pensar num mocinho que se fode o filme inteiro e ao final, se ergue com a hegemonia de um semi-deus, agarra a mocinha em seus braços e finalmente derrota o bandido, certo? ERRADO! Watchmen não é nada disso. O filme expõe ao leitor uma gama de combatentes do crime, cada um detentor de mais características humanas, que o outro. São heróis solitários, confusos, com distúrbios, aterrorizados, impotentes... e Moore os caracteriza de forma tão realista e magnífica que nos envolve no universo alternativo dos conflitos existenciais dos personagens e nos faz pensar, como seria se realmente houvessem os tais vigilantes e o que poderia acontecer caso estes, que diante os olhos críticos e atentos do mundo estariam proibidos de errar, errassem, ou se até mesmo o poder subisse à cabeça deles.
Zack Snyder fez o que estava ao seu alcance, disso eu não tenho dúvidas. Os detalhes, os cenários, as seqüências e a montagem do enredo do filme, tudo é perfeito, com um UP especial à trilha sonora, que era oportuna e precisa sempre que estava presente. Complexo? Sim, e eu diria bastante. Por diversas vezes me obriguei a recaptular algumas coisas, pra ver se entendia o que estava acontecendo, mas considerei isso normal, pois com o decorrer das seqüências as histórias do Comediante, Espectral II, Ozymandias, Dr. “Manjiroba” Manhattam e Rorschach se encaixavam com perfeição.
Falando especificamente de Rorschach, o CARA MATA A PAU! Numa atuação impecável. Uma comparação perfeita, que li num site da web, dizia que Jackie Earle Haley, vestindo literalmente a máscara, não deixou nada a desejar a Heath Ledger com o coringa. Convenhamos, a comparação é assaz. Ele por muitas horas rouba a cena mais do que qualquer outro personagem e eu concordo em gênero, número, grau e assino embaixo com a indicação ao Oscar 2009 de ator coadjuvante feita pelo Fabio Barreto no nerdcast da semana passada. O cara consegue ser louco, mas mesmo tempo adorado! É estranho, mas é muito legal!
Poucos atos de heroísmo, poucas (mas muito bem feitas) seqüências de luta e uma história do catiço. Nem tudo são flores na vida dos vigilantes, e isso faz com que a “humanidade” da história conquiste. Aposto que você, assim como eu em alguns momentos ficará puto pela complexidade, mas acreditem, o final compensa. Para muitos, o filme pode se tornar cansativo, mas vale um esforcinho pra entender e despeço me com apenas uma dica pra te deixar mais curioso: não acaba exatamente como se espera de um filme de herói! Agora o resto eu deixo por conta de vocês. =D
