Sabe qual o grande problema das continuações? EXPECTATIVA. Foi isso que acabou com a grande maioria daquelas que tinham potencial pra se tornarem ótimos filmes mas decepcionaram o público em geral por não terem uma grande idéia introdutória ou por possuírem fórmulas diferentes que seus antecessores, portanto não tinham o mesmo impacto, a mesma surpresa, mesmo que continuassem ou melhorassem o ritimo de suas histórias.

REC 2 - Possuídos foi uma grata surpresa. Não é o melhor filme de terror que eu já vi, pois falha em alguns pontos cruciais, mas confesso que me surpreendeu. A história se passa 15 minutos depois do final do primeiro filme onde um grupo de GEOs entra no edifício que estava em quarentena acompanhados por um médico para conseguir amostras de sangue dos infectados para encontrar a cura.



A técnica de primeira pessoa na utilização das câmeras aqui é aplicada com maestria. Ao contrário do anterior, (onde tínhamos apenas a câmera do cinegrafista que acompanhava a jornalista interpretada pela delicinha Manuela Velasco na história de 2007) aqui temos mais câmeras, cada uma presa ao capacete dos integrantes da equipe de poiciais, o que nos possibilita melhores angulos onde a agonia e o desespero dos primeiros minutos do filme criam um clima propício para o que está por vir.

O filme está um nível acima de seus antecessores nesta prática, acima até de Cloverfield, na minha opinião. O conceito sufocador da imagem em primeira pessoa não é nenhum pouco inovador desde que Bruxa de Blair surgiu amedrontando muita gente, mas REC 2 cumpre seu papel no quesito "teste de nervos". Agora com mais dinheiro e mais visibilidade os produtores espanhóis investiram nos sustos e conseguiram nos proporcionar uma inesperada surpresa vinda das terras além mar.

Há quem esteja reclamando disso. Que a falta do elemento tensão, presente apenas nos primeiros minutos, tenha feito com que o nível decaísse pois este foi fundamental no sucesso do primeiro filme mas o segundo não deve ser desmerecido apenas por isso. A idéia já foi introduzida e o espectador já sabe do que se trata, então não é necessário um segundo que tente fazer a mesma coisa e o melhor que fizeram concerteza foi proporcionar o show de sustos, que fez falta no primeiro. Enfim, neste ponto os dois de complementam.

Uma coisa essencial do filme foi que, até então pra mim era mais uma história de zumbis que concertezamente não deixaria de ser divertido, mas aí veio a surpresa. Imaginem o horror causado pela jovem Linda Blair em O Exorcista. Agora imagine a agonia de se estar preso em um prédio com diversas meninas como aquela. Como disse no começo, apesar do nome "REC - Possuídos", não pensei que a tratativa da história seria essa. Satanismo, rituais de exorcismo e ocultismo... é só dizer que tem isso num filme, pra me dar vontade de assistir. Foi uma grata surpresa saber que aqueles seres estavam mais do que infectados, eles estavam possuídos.

Agora, os atores espanhóis... acho que tive uma antiparia faraônica por eles, com excessão de Jonathan Mellor, que interpreta o suposto agente de saúde Owen. A  expressão facial dele e até mesmo a cicatriz no rosto (o último nível de clichê para um antagonista canastrão) conseguiram me ganhar. O restante do elenco é por demais limitado. À um certo nível temos a inserção de novos personagens e nas cenas introdutórias dos mesmos, que também possuiam uma câmera, a edição fez um trabalho assaz mesclando os eventos tanto da equipe de pociais, quando dos adolescentes até que se encontram, um ponto pra lá de positivo. É como se o filme tivesse recomeçado, mas por outra visão.


O que realmente errou neste segundo foi o excesso de explicações na proposta oferecida que de certa forma tirou o ar de "filme caseiro". Em alguns momentos, Owen, parecia mais um professor explicando algo pra uma turma de colegiais. Muitas cenas foram desnecessárias e alguns elementos chegaram a ficar batidos. Exemplo: ele não precisaria explicar tudo sobre possessão demoníaca, depois de aproximar uma cruz de uma porção de sangue e esta entrar em combustão espontânea, melhor deixar subentendido. Essas cenas soaram mais como documentário do que como algo que "supostamente" não foi premeditado.

O desfecho satisfaz e dá uma deixa gigante para o segundo filme, e eu não consigo conceber como a linguagem de camera em primeira poderia ser utilzada mantendo a "realidade", o que me deixa com medo, mas vale a expectativa.

Num balanço geral REC 2 é pra lá de recomendado, é obrigatório. Uma fórmula simples mas muito melhor que vários blockbusters em cartaz nessa época, daqueles pra ser visto sem muita expectativa. Isso não é nenhum pouco negativo, pelo contrário vai te ajudar a se deliciar com o filme. Deixe tudo que você viu no anterior ou nos percurssores do gênero de lado e escolha de preferência a sessão que estiver mais cheia. Assim você não vai ter vergonha dos sustos que levar, já que concerteza todo mundo vai se assustar também!

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